Em 1972, uma notável confluência de acontecimentos científico-culturais contribuiu para uma grande transformação no modo como vemos e pensamos o planeta que habitamos, nele agimos e imaginamos o nosso futuro conjunto:
No próximo ano, em 2022, ter-se-ão passado cinquenta anos desde a sua ocorrência. Que aconteceu, entretanto? Continuamos a ter uma só Terra, mas como estamos a cuidar dela? E que existência nos é permitido levar nela? Estas são as questões de fundo a serem exploradas no Encontro Internacional de Estudos do Antropoceno e Ecocrítica Green Marble.
Todavia, outras questões mais específicas, e que constituem “solo comum” dos Estudos do Antropoceno – ou do impacto da atividade da espécie humana no Sistema Terrestre – e da Ecocrítica – ou do estudo da relação entre a literatura e o meio ambiente – áreas que embora distintas partilham um ponto de vista multidisciplinar e interdisciplinar na análise da crítica situação climática, ambiental e ecológica contemporânea, dos seus efeitos, consequências e implicações sócio-político-económicos, culturais e civilizacionais, assim como na discussão e proposta de soluções para corrigir ou melhorar a sua trajetória, podem ser igualmente exploradas. Elas fazem parte, nalguma medida, do legado desse extraordinário ano de 1972:
Convidam-se, assim, todos os investigadores e académicos – das Geociências e das Ciências sociais, das Humanidades e das Artes, das Engenharias e das Tecnologias – interessados e envolvidos no estudo de problemáticas do Antropoceno e da Ecocrítica a apresentarem propostas em português ou inglês para participação neste Green Marble 2022 (ir para Submissões e principais datas). Ele constituirá uma oportunidade para compartilhar conhecimento e debater questões que têm que ver com a relação entre o ser humano e a natureza e o impacto global da ação humana no nosso planeta, cruzando diferentes pontos de vista disciplinares.
- a 5 de junho, em Estocolmo, realizou-se a “United Nations Conference on the Human Environment”, considerada a primeira dedicada ao assunto, ponto de partida para uma nova era na cooperação global sobre problemas ambientais e que abriu caminho para o conceito de desenvolvimento sustentável;
- a economista baronesa Jackson of Lodsworth, Barbara Ward e o microbiólogo René Dubos publicaram o influente livro Only One Earth: The Care and Maintenance of a Small Planet, assumido como o relatório não oficial dessa Conferência de Estocolmo;
- o grupo de cientistas sociais e ambientais Donella Meadows, Dennis Meadows, Jørgen Randers e Behrens William III igualmente publicou o muito debatido relatório para o Clube de Roma Limits to Growth, no qual a questão dos limites planetários começou a colocar-se;
- em agosto desse ano, James Lovelock formulou no curto artigo "Gaia as seen through the atmosphere" a controversa "hipótese Gaia" sobre o envolvimento geológico da vida que, em termos gerais, postula que a Terra e os seus sistemas biológicos se comportam como uma singular entidade que controla e mantém as condições do planeta favoráveis à vida;
- James Meeker, um biólogo interessado pela literatura, publicou The Comedy of Survival: Studies in Literary Ecology, onde lançou as bases desse campo de investigação, a "ecologia literária" ou estudo das relações entre as artes literárias e a ecologia científica, ensaio que se revelará seminal da Ecocrítica;
- a 7 de dezembro desse mesmo ano, a tripulação da missão Apollo 17 da NASA obteve, a 45.000 quilómetros da Terra e a caminho da Lua, a icónica imagem “The Blue Marble” que, para além de ser um dos grandes marcos da fotografia tirada do espaço, alterou profundamente a nossa perceção sobre a Terra, desde então parecendo um lugar pequeno e frágil, e a nossa experiência comum de viver nela.
No próximo ano, em 2022, ter-se-ão passado cinquenta anos desde a sua ocorrência. Que aconteceu, entretanto? Continuamos a ter uma só Terra, mas como estamos a cuidar dela? E que existência nos é permitido levar nela? Estas são as questões de fundo a serem exploradas no Encontro Internacional de Estudos do Antropoceno e Ecocrítica Green Marble.
Todavia, outras questões mais específicas, e que constituem “solo comum” dos Estudos do Antropoceno – ou do impacto da atividade da espécie humana no Sistema Terrestre – e da Ecocrítica – ou do estudo da relação entre a literatura e o meio ambiente – áreas que embora distintas partilham um ponto de vista multidisciplinar e interdisciplinar na análise da crítica situação climática, ambiental e ecológica contemporânea, dos seus efeitos, consequências e implicações sócio-político-económicos, culturais e civilizacionais, assim como na discussão e proposta de soluções para corrigir ou melhorar a sua trajetória, podem ser igualmente exploradas. Elas fazem parte, nalguma medida, do legado desse extraordinário ano de 1972:
- a nova condição planetária afeta toda a Humanidade do mesmo modo?
- para que/quem servem as declarações, acordos, tratados internacionais sobre clima, ambiente, ecologia? alguém os cumpre? alguém os respeita?
- estão o direito internacional e as leis nacionais desajustados da nova condição planetária? contribuem eles mesmo para impedir que ela melhore ou piore?
- desenvolvimento sustentável é um conceito vazio? uma crença perigosa? um mero instrumento da retórica política?
- há mesmo limites ao crescimento? onde estão as evidências? existirão apenas nos modelos computacionais e nos manuais científicos? por que razão estão sempre a ser revistos?
- permanece Gaia um modelo/uma metáfora pregnante para o tempo atual? Gaia está no fim da sua vida? Gaia ainda poderá ser salva?
- afastou-se a Ecocrítica demasiado das suas origens, quando estava mais alicerçada na ecologia científica? está a Ecocrítica a tornar-se num campo de estudo empírico da narrativa ambiental? a Ecocrítica é uma forma de ativismo impotente?
- como se comportam atualmente os géneros literários diante de questões ambientais? podemos falar de eco-poemas, eco-thrillers ou eco-narrativas? o que define estes géneros?
- continua a literatura de ficção, como reivindicou Amitav Ghosh, tendencialmente alheada da problemática do aquecimento global e das grandes alterações climáticas? o que define as emergentes distopias/utopias antropocénicas? como poderá a literatura ajudar na compreensão da atual condição planetária?
- a Terra é hoje uma complexa simulação computacional? ou, quiçá, um objeto programável?
- em que medida a monitorização climática e ambiental mediante tecnologias de informação e comunicação, deteção remota, etc. ajuda a proteger o planeta? a crescente gestão computacional de sistemas (socio-)ecológicos contribui para a desresponsabilização eco ambiental dos cidadãos?
- etc.
Convidam-se, assim, todos os investigadores e académicos – das Geociências e das Ciências sociais, das Humanidades e das Artes, das Engenharias e das Tecnologias – interessados e envolvidos no estudo de problemáticas do Antropoceno e da Ecocrítica a apresentarem propostas em português ou inglês para participação neste Green Marble 2022 (ir para Submissões e principais datas). Ele constituirá uma oportunidade para compartilhar conhecimento e debater questões que têm que ver com a relação entre o ser humano e a natureza e o impacto global da ação humana no nosso planeta, cruzando diferentes pontos de vista disciplinares.
GREEN MARBLE 2022 - SEGUNDO ANÚNCIO E CHAMADA PARA PARTICIPAÇÃO | |
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GM2022-PRIMEIRO ANÚNCIO E CHAMADA PARA PARTICIPAÇÃO | |
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